segunda-feira, 21 de setembro de 2015

PROJETO: Acróstico


Acróstico é um gênero de composição geralmente poética, que consiste em formar uma palavra vertical com as letras iniciais ou finais de cada verso gerando um nome próprio ou uma sequência significativa. Os acrósticos já existiam na antiguidade com escritores gregos e latinos e na Idade Média com os monges. Foi um gênero muito utilizado no período barroco, durante os séculos XVI e XVII, e ainda hoje é muito utilizado por pessoas de várias faixas etárias, classes sociais e culturas diferentes.
A palavra ACRÓSTICO originou-se da palavra grega Ákros (extremo) e stikhon (linha ou verso), onde o prefixo indica extremidade, apontando a principal característica desse tipo de composição poética: as letras de uma das extremidades de cada verso vão formando uma palavra vertical. Mas as letras podem também aparecer no meio do verso.
Segundo a Enciclopédia Britânica, o acróstico é utilizado desde a antiguidade, inclusive nos livros bíblicos dos Provérbios e dos Salmos. Em português o acróstico apareceu no Cancioneiro geral (século XVI) e chegou a ser feito por Camões, no soneto CCIX, cujo primeiro verso é “Vencido está de amor meu pensamento".  Há muitas variantes: o acróstico alfabético, em que se vai enfileirando o alfabeto verticalmente; o mesóstico, em que as letras da palavra-chave aparecem no meio da composição, no final de cada primeiro hemistíquio ou início do segundo; e outras modalidades ainda mais complicadas.
Fizeram-se acrósticos em prosa, com as letras do começo de cada parágrafo, e se chegou à verdadeira mania de acrósticos nos tempos do barroco. Um trabalho de autor nacional sobre acrósticos, é o de Dorival Pedro Lavirod. De sua autoria é a fábula intitulada “O Sapo e a Borboleta”, cujos versos são os seguintes:






Sabia que sou mais bonita?
A borboleta disse ainda ao sapo:
Pobre batráquio asqueroso,
O que você é me causa nojo!

E o sapo, com toda calma do mundo,

Assim respondeu à borboleta:

Bonita é minha natureza anfíbia,
O que, também, me protege mais,
Rios e solo me dão guarida,
Brejos e até mesmo matagais!
O que você faz para se defender?
Livre, viajo sobre todos os animais!
E, num segundo, o sapo projetou
Tamanha língua no espaço,
Acabando, assim, com o embaraço!


Os acrósticos podem ser simples, com frases, nomes ou palavras que não tenha ligação entre si, ou ainda poemas completos. Podem ser encarados como atividade lúdica, tornando-se um jogo muito interessante. Assim, uma das funções pode ser ressaltar as qualidades ou defeitos de alguém.
Pode-se dar evidência às letras em cada verso para evidenciar a quem são dedicados, ou ainda deixá-las sem evidência alguma, para torná-las secretas. Depende da intenção com que se fez o acróstico. Os acrósticos são ainda encontrados na Bíblia, principalmente nos Salmos, e em alguns poemas com o objetivo de revelar sua autoria.
Podemos dizer que o acróstico parece englobar três funções: 1) uma procura de virtuosidade própria dos poetas palacianos; 2) um caráter lúdico que designa todo um jogo de espírito sutil; 3) um certo gosto pelo secreto.
O acróstico dissimula a palavra, que ele dá, escondendo-a; e requer do leitor uma certa esperteza para descobrir a sua sutileza. Relaciona-se com a adivinha e liga-se logicamente com ela, pois existem enigmas em verso cujo nome figura em acróstico. Um autor pode assinar com um tipo de assinatura  cifrada o seu próprio nome em acróstico.
Neste projeto, os livros Parque Di Versos e In Extremis de Carlos Fernando Leser foram a base de inspiração para a construção poética.

Fontes:











Professora Adriana Tavares Pimentel

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